O Canto do Asfalto
2024
O Canto do Asfalto propõe uma reflexão poética e social sobre as fronteiras visíveis e invisíveis que dividem os centros urbanos e suas periferias. Em tempos de descarbonização, quais são as populações que sofrem com a falta de mobilidade nas grandes metrópoles?
Explorando a tensão entre a promessa de mobilidade oferecida pelas infraestruturas urbanas e a realidade de uma periferia frequentemente deixada de lado, esta instalação, composta por pneus reciclados — símbolos de movimento e indústria — está, no entanto, congelada em uma imobilidade silenciosa, onde apenas alguns ecos distantes do ruído periférico podem, por vezes, ser ouvidos. As plantas que emergem das frestas dessa estrutura, embora decorativas, evocam os trajetos dos migrantes que, como essas espécies, muitas vezes são deslocados e integrados a novos ambientes, ressaltando as dinâmicas de mobilidade e adaptação nos espaços urbanos.
A obra ecoa as problemáticas das periferias de Paris, onde a mobilidade é ao mesmo tempo um sonho e um obstáculo. Os pneus, normalmente em movimento, aqui se tornam barricadas, impedindo o sopro da mudança. Esse contraste entre a rigidez industrial e a suavidade orgânica convida à reflexão sobre as barreiras invisíveis que restringem o acesso à cidade e às suas promessas.
Ficha Técnica:
Título: O Canto do Asfalto
Materiais: Pneus usados, vegetação viva, estrutura de aço, instalação sonora
Dimensões: 400 cm x 280 cm x 300 cm
Obra realizada por: Daniel Nicolaevsky Maria
Com a assistência de: Casa93 (Gïtroina, Eva-Louisa e Loreny)
Criação Sonora: Alonso Martinez
Estrutura de aço: Ronan Masson
Apoio: CUFA França
Apresentada no contexto da: primeira edição internacional da Expo Favela, na 18 Rue du Paradis, Paris
Ano: 2024